quarta-feira, 14 de fevereiro de 2024

Opinioes & Opiniões 3

Após alguns anos, retorno para redigir um terceiro texto sobre Opiniões. O que me motivou foi uma série de interações que tive na internet, após retomar a divulgação de pensamentos e de ciência. Neste momento, enquanto escrevo este parágrafo introdutório, releio ambos os textos citados para evitar repetições e criar um cenário para aprofundar o debate.


No primeiro texto, abordei como as pessoas passaram a expor suas opiniões políticas (ou debate-las) sem o mínimo de bom senso e conhecimento. Desde então, muitos eventos marcantes ocorreram no cenário político nacional, como o impeachment da primeira presidente mulher do país, o acirramento do extremismo de ideias, a eleição de um representante da extrema direita em 2018 e a intensificação do ódio e preconceito político. O embate ideológico/político mencionado no primeiro texto intensificou-se. 

O trecho "o empecilho disto tudo é quando expressamos opiniões errôneas como se fossem verdades" (FERRARI, 2015a) tornou-se praticamente o paradigma do que se sucederia com as fake news e a desinformação, propagadas por muitos a fim de acirrar os ânimos políticos. 

No entanto, parece que esse cenário não mudou muito, especialmente no sentido de a maioria das pessoas basear suas opiniões superficialmente, sobretudo quando afirmam saber aquilo que desconhecem. Constituiu-se uma realidade de ilusão de conhecimento. A terceira parte dessa reflexão surge de uma situação que observo recorrentemente: pessoas apregoando terem conhecimento sobre algo e falando com tamanha "propriedade", quando uma simples pesquisa (criteriosa e cética) seria suficiente para constatar que esses indivíduos "portadores da sabedoria" estão disseminando informações infundadas. Mas o que parece mais importante para muitos é a imagem de serem detentoras do conhecimento, mesmo sem terem lido uma contracapa do livro que criticam.

É possível questionar se a frequência com que se expressa conhecimento não é inversamente proporcional ao conhecimento efetivo. A maioria que a maioria que possui conhecimento elabora, pensa, revisa, antes de sair proclamando ser "possuidor da verdade", enquanto os mais próximos à desinformação saem apressadamente para proclamar aquilo que acham saber.

Minha opinião atualmente não diverge muito do que foi apresentado no segundo texto (2015b), continuo buscando consolidar minhas expressões com o mais alto critério, e ao reler tanto o primeiro quanto o segundo texto, notei erros de português (inclusive neste atual, também pode conter, a autocrítica sempre deve estar ativa). Autocrítica que muitas vezes os "paladinos da verdade" parecem não ter.

O alerta que deve ser recorrente é: devemos constantemente revisar as informações que chegam até nós, nutrindo o hábito da leitura e da investigação cética para não ficarmos a mercê de possíveis charlatões políticos, religiosos, coaches (que estão na moda agora) ou de qualquer outra ordem. Pois, para além de possíveis danos econômicos, podem nos causar danos psicológicos. 

Você já pensou sobre suas opiniões e como as construiu? Acha que está apenas reproduzindo algo ideologicamente ou possui bases sólidas? Como tem certeza de que o que pensa é correto? Entre no debate e expresse sua opinião.

REFERÊNCIAS 

FERRARI, Douglas. Opiniões & Opiniões. 2015a. Disponível em: <https://debatecontinuado.blogspot.com/2015/12/opinioes-opinioes.html> Acesso em 13 de Fevereiro de 2024.

FERRARI, Douglas. Opiniões & Opiniões 2. 2015b. Disponível em: <https://debatecontinuado.blogspot.com/2015/12/opinioes-opinioes-2.html> Acesso em 13 de Fevereiro de 2024.

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2024

Douglas Ferrari - Dando Voz Ao Conhecimento


Em primeiro momento é necessário destacar que este texto não se trata de uma redação, tampouco tem a pretensão de ser acadêmico. O objetivo é retomar as escritas neste blog e explicar os novos rumos que estou a tomar, que agora torna-se blog do projeto (marca) Douglas Ferrari - Dando Voz Ao Conhecimento.




Há um bom tempo eu estava ausente das atividades de Divulgação Científica seja na internet, seja no mundo real. Assim como tudo é impermanente, essa etapa em minha existência (creio eu) findou-se, pois estou retornando com meu novo projeto pessoal, que se trata de meu proprio nome e marca.

No passado desenvolvi projetos desassociados de mim mesmo (meu nome pessoal), foi assim no Ciência Sem Censura, foi assim no Grupo de Astronomia e Fisica Concórdia-SC, foi assim no Debate Continuado (nome deste blog), e que, de certa forma e, por mim mesmo ter me afastado acabaram parando, foram muitos processos de autocrítica e falta de confiança em minha própria capacidade e conhecimentos, isso que faziam eu me perguntar o tempo todo se eu deveria e/ou tinha autoridade para falar sobre os assuntos que eu me dedicava a tentar divulgar e expressar. Então, me resguardei, freei minha missão de vida que se trata de socializar o conhecimento e o que eu sei, posso não saber muita coisa, mas o que sei pode ajudar as pessoas.

Nesse sentimento de que eu posso ser útil, assim como anteriormente eu queria ser (sempre quis) estou voltando a ativa. Douglas Ferrari - Dando Voz Ao Conhecimento trata-se de mim, Douglas Ferrari, enquanto ser humano que busca agregar valor às pessoas. Compartilhar o pouco daquilo que sei, compartilhar aquilo que faço, inspirar as pessoas a algo novo, a aventurarem-se, com responsabilidade, nessa jornada chamada vida. Mas, não somente como forma online, mas na vida real também, embora a internet será utilizada como meio de propagar tais atividades e pensamentos. Além de que dar voz ao conhecimento também é permitir e criar as condições para que todos tenham participação no conhecimento e também na sua expressão.

Essa expressão de retorno serve para apresentar um Douglas Ferrari que está renascendo, renascendo das cinzas, como uma Fênix. Um Douglas que esta aprendendo a reconhecer seu valor e que acredita que pode compartilhar este valor com os demais seres humanos.

Seja bem-vinda(o) ao renascimento do Douglas Ferrari.

sábado, 15 de outubro de 2022

Dia dos Professores


Feliz dia dos professores!

Os bons professores tem compromisso com o conhecimento. Conhecimento este que deve ser humanizador e, também proporcionar reflexões e ações para a construção da nossa identidade enquanto pessoas humanizadas.

Mas, ao mesmo tempo que são educadores é certo que os professores engajados jamais deixam de ser estudantes, afinal de contas sempre estão buscando novas leituras, novos estudos e aprofundamento do seu repertório para a socialização com seus estudantes. Mas, para além da educação formal, educadores são para a vida e existência.

Com certeza, por quaisquer que sejam as experiências na educação formal, positivas ou negativas, na relação professor-aluno, ambos sairão aprendendo, com as positivas pelo exemplo e incentivo, e nas negativas para padrões que não devem ser repetidos e, por consequência, evitados.

Um feliz dia às pessoas que dedicam sua vida a compartilhar um pouco do que sabem nesta vastidão existencial que chamamos de vida! 


Vida longa e próspera à todos os professores e profissionais da educação!

sábado, 12 de fevereiro de 2022

A necessidade de superar a apatia social

 

A NECESSIDADE DE SUPERAR A APATIA SOCIAL
 
Com o avanço das tecnologias, principalmente as de comunicações, constatamos um fenômeno paradoxal. Seria presumível conceber que a facilidade de comunicação facilitasse o engajamento social, e com isso o aumento do Capital Social. Somando esse fator com o acesso à informação conceberiamos um aumento do desenvolvimento pessoal. Mas, como dito, não é o que acontece.
 
Numa sociedade onde nada é feito para durar, conforme versa Zygmunt Bauman, a rapidez de mudança destas tecnologias reverbera na vida das pessoas, tanto em âmbito profissional, como nas relações sociais. Com o advento das redes sociais percebemos que as pessoas não geram mais vínculos, mas apenas conexões que podem ser facilmente desfeitas. Essa facilidade de romper, somada a falta de Inteligência Social, torna as relações humanas frágeis, líquidas, na perspectiva de Bauman.
 
Neste tipo de sociedade, onde se valoriza mais o ter do que o ser, é o que torna a profissão de professor algo extremamente importantíssimo. A atuação deste profissional deve instigar aos jovens a romper com este paradoxo do curto prazo como pensamento máximo de vida, bem como capacitá-los a pensar o mundo de modo mais engajado. Ensinar os estudantes a serem protagonistas de suas vidas, usando os recursos tecnológicos de forma saudável, este deve ser o papel docente nesta realidade cada vez mais individualista e desinteressada.
 
Ao desenvolver uma consciência de engajamento, respeito e uma postura curiosa para o mundo e a realidade social, fomentando a análise crítica é possível alterrar este cenário de apatia, assim contribuindo para a (re)construção de valores sociais.
 
Autoral, 2021.

A ação política na Modernidade Líquida


A AÇÃO POLÍTICA NA MODERNIDADE LÍQUIDA
 
Com o avanço da virtualização da vida na era pós-moderna, ou como diria Zygmunt Bauman, na Modernidade Líquida, também igualmente virtual se tornam as ações e interações políticas. O que, em grande sentido, se torna um problema para a organização do Estado, na concepção weberiana moderna. Afinal de contas, esta virtualização tende a dificultar o engajamento social no mundo real.
 
No livro Cegueira Moral Zygmunt Bauman e Leonidas Donskis (2014) discutem sobre a crise política e a busca por uma linguagem de sensibilidade, uma vez que no mundo líquido moderno o que é enaltecido é o desengajamento e o aumento do individualismo substancial. Bem como, a discussão de como que o medo é utilizado como uma ferramenta de dominação, ao mesmo tempo em que ele gera indiferença e a perda da sensibilidade humanas.
 
Com um mundo cada vez mais individualista, onde os laços humanos são rompidos com facilidade, numa era de desengajamento real, na realpolitks, em que as relações são superficialidades em redes sociais virtuais. Onde o único compromisso é o descompromisso, fortalecido pela situação problema da ação coletiva, muitas vezes as manifestações que estão alinhadas ao interesse coletivo são taxadas (estereotipadas, numa perspectiva negativa, criada ideologicamente) de “comunismo”, onde qualquer pensamento mais voltado ao coletivo é taxado de forma pejorativa.
 
Neste cenário cada vez é mais difícil encontrar meios de voltar a engajar essas pessoas, a forma mais fácil é através de processos dialógicos envolvendo empatia e compaixão. Para que com isso novamente reacendemos a esperança e o diálogo a fim de transformar a realidade social.
 
REFERÊNCIAS
BAUMAN, Zygmunt. DONSKIS, Leonidas. Cegueira moral: perda da sensibilidade na modernidade líquida. Zahar, 2014.

segunda-feira, 30 de março de 2020

Sobre a pandemia de Covid-19

SOBRE A PANDEMIA DE COVID-19
Primeiramente é necessário esclarecer que jamais imaginava, factualmente em minha existência, viver uma pandemia global de grandes proporções. Era notório que estávamos vivenciando um momento em que a estrutura do sistema econômico estava em crise, e uma pandemia apenas veio para intensificar isso e nos mostrar os paradigmas, além de nos forçar a pensarmos em outra forma de conceber a sociabilidade humana.
Observei muitos neste momento de quarentena falando que a pandemia não vê classe social, de fato, biologicamente falando o vírus não escolhe classe para infectar. Entretanto, é necessário percebermos que a classe trabalhadora e os pobres são os que estão muito mais vulneráveis, devido ao seu acesso às condições materiais de sobrevivência, saúde, segurança financeira, etc.
Alguns defendendo o discurso ideológico de voltarmos à normalidade para salvaguardar a economia, momento em que me questiono: que economia? Há três anos o PIB está em 1%, 11 milhões de desempregados, isso soa como uma piada de mal gosto. Sinto tristeza em perceber que a lógica mercantil, como sempre, põe o capital num pedestal dourado em detrimento à vida. O que é mais importante? o lucro de poucos a curto prazo? ou a vida humana? Uma situação de pandemia nos obriga a fazer esta escolha.
Há uns anos havia escrito uma reflexão sobre a possibilidade de manter um pensamento capitalista e humanista simultâneamente, por definição. Parece que a pandemia de coronavírus reforçou a incompatibilidade entre esses dois posicionamentos. Enquanto os humanistas querem salvar às pessoas, os capitalistas querem salvar o capital.
Não devemos permitir que os discursos obscurantistas e o negacionismo da ciência deixem ações serem realizadas a contribuir para milhares, ou no pior dos cenários, milhões de mortes. Devemos ter a sobreidade de defendermos a ciência em tempos de crise, quem ignorou a ciência, em primeiro momento, está padecendo, observemos a Itália, por exemplo.
A quarentena e o isolamento social, neste momento, não deve ser encarada como um privilégio, mas como um direito social, um direito de resguardar a saúde e a vida. É muito mais fácil recuperar a economia falida do que pessoas mortas.
O Estado não pode se omitir diante da crise em que vivemos, ações deveriam ser tomadas para salvaguardar o acesso à saúde, alimentação, segurança e necessidades básicas à população em tempos de crise, não o inverso, na desculpa de salvar um sistema que está em crise há alguns anos.
Após a pandemia, quando passarmos por ela, devemos repensar a forma de sociabilidade. O egoísmo, a ganância, o individualismo não se sustentam mais. O coronavírus nos mostrou o quão interdependentes somos uns dos outros.
A todos, fiquem em suas casas, evitem o contato social, até passarmos esta crise. E que, após a passagem da mesma, posssamos pensar em uma nova forma de conceber a sociedade.

sábado, 11 de janeiro de 2020

Análise da música "Raciocínio Quebrado" do Parteum



Nesta análise, a música “Raciocínio Quebrado”, do cantor Parteum, tentará ser compreendida sob o olhar das temáticas referentes ao preconceito, à discriminação e à indústria cultural. Além disso, tentar-se-á constatar as referências que o cantor faz a personagens históricos, de revoltas sociais, bem como intelectuais.

Opinioes & Opiniões 3

Após alguns anos, retorno para redigir um terceiro texto sobre Opiniões. O que me motivou foi uma série de interações que tive na internet, ...